quinta-feira, 31 de março de 2011

HOMENAGENS - PAISAGEM URBANA - Seu Jorge

Moro no Brasil
Não sei se moro muito bem ou muito mal
Só sei que agora faço parte do país
Inteligência é fundamental

terça-feira, 29 de março de 2011

HOMENAGENS


Consciência Cósmica

Já não preciso de rir.
Os dedos longos do medo
largaram minha fronte.
E as vagas do sofrimento me arrastaram
para o centro do remoinho da grande força,
que agora flui, feroz, dentro e fora de mim...

Já não tenho medo de escalar os cimos
onde o ar limpo e fino pesa para fora,
e nem deixar escorrer a força de dos meus músculos,
e deitar-me na lama, o pensamento opiado...

Deixo que o inevitável dance, ao meu redor,
a dança das espadas de todos os momentos.
e deveria rir , se me retasse o riso,
das tormentas que poupam as furnas da minha alma,
dos desastres que erraram o alvo do meu corpo...

(João Guimarães Rosa)

HOMENAGENS

 

Insulfilme
(Gisele Almeida/Rafael Palma)

Observo a cidade
através do insulfilme
preta e escura
pronta pra anoitecer
aprendi a valorizar os momentos bons estando com você
e na sua ausência descobri quem sou
as costas podem se cansar
o tempo parecer ruir
como parece sempre 
que tem um pedaço de sua atenção
para o passo que não é seu


Afro Brasilis

Arte desenvolvida pra festa Afro Brasilis, Londrina/PR.
Feita em um curto espaço de tempo, estilo: "Se vira nos 30".

segunda-feira, 21 de março de 2011

Workshop - Karina Rampazzo


 Karina Rampazzo

 www.flickr.com/photos/karinarampazzo

Imagem – Edição Artística / Portfólio


         Com uma pequena apresentação teórica e alguns exemplos práticos, iniciaremos, a partir dos trabalhos autorais dos alunos, uma série de aplicações práticas de edição. O intuito será elaborar, de forma resumida, uma apresentação de conteúdo com as melhores imagens do artista. Editar e chegar a um resultado sucinto de imagens, mas não menos rico em conteúdo.

Material:   Trazer trabalhos de própria autoria. No mínimo 20 imagens, sejam elas apresentadas em fotografias, desenhos, pinturas, gravuras, grafite, colagens etc. Qualquer meio/imagem será aceito.


Local: A Divisão de Artes Plásticas / Casa de Cultura / UEL . 
Horário: 14:30 às 17:30 .
Data: 25/03
Os interessados devem fazer as inscrições pelo telefone: 3322-6844.


Workshop - Claudio Ethos


 Claudio Ethos


"Street art".

Workshop baseado na vivencia artística de claudio ethos, assim como sua experiência no mercado de trabalho emergente da "street art". Mostra de vídeos sobre a temática da produção urbana e os meios alternativos de organização e produção artística. Finalizando a atividade com a produção de um mural que poderá ser acompanhado pelos participantes do workshop.

Local: A Divisão de Artes Plásticas / Casa de Cultura / UEL . 
Horário: 14:30 às 17:30 .
Data: 30/03
Os interessados devem fazer as inscrições pelo telefone: 3322-6844.
 

sexta-feira, 18 de março de 2011

Manoel de Barros

O Livro Sobre Nada
 
Com pedaços de mim eu monto um ser atônito.
Tudo que não invento é falso.
Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.
Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou.
É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez.
Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas se não desejo contar nada, faço poesia.
Melhor jeito que achei para me conhecer foi fazendo o contrário.
A inércia é o meu ato principal.
Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas.
O artista é um erro da natureza. Beethoven foi um erro perfeito.
A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos.
Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos.
Por pudor sou impuro.
Não preciso do fim para chegar.
De tudo haveria de ficar para nós um sentimento longínquo de coisa esquecida na terra — Como um lápis numa península.
Do lugar onde estou já fui embora.

Manoel de Barros

Uma Didática da Invenção

I
Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber:
a) Que o esplendor da manhã não se abre com
faca
b) 0 modo como as violetas preparam o dia
para morrer
c) Por que é que as borboletas de tarjas
vermelhas têm devoção por túmulos
d) Se o homem que toca de tarde sua existência
num fagote, tem salvação
e) Que um rio que flui entre 2 jacintos carrega
mais ternura que um rio que flui entre 2
lagartos
f) Como pegar na voz de um peixe
g) Qual o lado da noite que umedece primeiro.
Etc.
etc.
etc.
Desaprender 8 horas por dia ensina os princípios.

IV
No Tratado das Grandezas do Ínfimo estava
escrito:
Poesia é quando a tarde está competente para
Dálias.
É quando
Ao lado de um pardal o dia dorme antes.
Quando o homem faz sua primeira lagartixa
É quando um trevo assume a noite
E um sapo engole as auroras

IX
Para entrar em estado de árvore é preciso
partir de um torpor animal de lagarto às
3 horas da tarde, no mês de agosto.
Em 2 anos a inércia e o mato vão crescer
em nossa boca.
Sofreremos alguma decomposição lírica até
o mato sair na voz.

Hoje eu desenho o cheiro das árvores.

IX
O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa
era a imagem de um vidro mole que fazia uma
volta atrás de casa.
Passou um homem depois e disse: Essa volta
que o rio faz por trás de sua casa se chama
enseada.
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro
que fazia uma volta atrás de casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.

CAMPBELL, J. As Máscaras de Deus. Mitologia Primitiva. São Paulo: Palas Athena, 1992.

"O Homem Sagrado vai para uma tenda solitária e jejua e reza. Ou vai para a solidão das montanhas. Quando retorna aos homens, ele lhes conta e ensina o que o Grande Mistério lhe mandou falar. Ele aconselha, cura e faz feitiços sagrados para proteger as pessoas de todo  mal. Grande é seu poder e muito ele é reverenciado; seu lugar na tenda é de honra".

"Pegou o pólen e traçou com ele o contorno de uma figura no chão - um contorno exatamente igual a de seu próprio corpo. Em seguida,  coolocou as pedras preciosas e outrs objetos dentro desse contorno e eles se transfoormaram em carne e ossos.  As veias eram de turquesa,  sangue, de ocra vermelha,  a pele de coral, o ossos de pedra branca, as unhas eram de opala mexicana, a pupila de azeviche, o branco do olho, de haliote, a medula dos ossos, de argila branca e os dentes também eram de opala. Ele pegou uma nuvem escura e dela fez o cabelo. E este  torna-se uma nuvem branca quando envelhece".

"As estrias das pontas de nossos dedos indicam a direção do vento na hora da criação. E na morte, o vento deixa o corpo pela planta dos pés, onde as estrias representam a direção do vento ao sair".